domingo, 7 de novembro de 2010

Polícia Comunitária


Entrevista do Cel Costa Júnior, Coordenador do programa "Segurança Cidadã" ao Jornal O Liberal de domingo, dia 07/11/2010
 
POLÍCIA COMUNITÁRIA PERDE O SENTIDO E SERVE DE ‘PUNIÇÃO’

A ideia de tornar uma comunidade parte do sistema de segurança pública, pelo policiamento comunitário, travou no Pará. O Programa Segurança Cidadã, quando criado há dois anos, surgiu como a mais promissora solução à violência. Em outros estados do Brasil, com o Programa Nacional de Segurança Cidadã (Pronasci), houve êxito. Tanto que a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT) planeja ampliar o programa em todo o País. O governador eleito do Pará, Simão Jatene, também pretende reforçar
o programa estadual. Na Região Metropolitana de Belém (RMB), os resultados foram imediatamente positivos. Os policiais conquistaram a simpatia nos bairros mais violentos e algumas práticas se tornaram referência nacional e até internacional. Contudo, o plano sofreu com a falta de investimentos, com a descrença de alguns policiais e com a falta de acompanhamento do poder público na atual gestão. Atualmente, tornou-se uma forma de punição dentro da corporação.
Para o coordenador do Programa Segurança Cidadã, coronel Costa Júnior, é inegável
o que o governo Ana Júlia fez ao aumentar o número de policiais e viaturas. A resposta às ocorrências ficou mais rápida e há policiais presentes em várias partes do Estado. Por outro lado, sem a ampliação do programa, o que se vê nas ruas são policiais cansados, estressados e “enxugando gelo” e por não derrotarem a criminalidade, diz o oficial. “O programa consiste emunir a Polícia Militar (PM), a Polícia Civil (PC), o Corpo de Bombeiros Militar (CBM), a Guarda Municipal e lideranças comunitárias onde há uma base de polícia comunitária. Os representantes de cada corporação ficam em contato direto com a sociedade, numa relação de parceria e confiança, pois a população vai conhecê-los e vai até fiscalizar o trabalho. Se a sociedade confia na Polícia, denuncia mais, porque se sente protegida. Com a denúncia certa, a Polícia faz a repressão de forma mais eficiente. Depois de tirar o crime de uma área, são feitas ações não policiais, com cultura, esporte e lazer para prevenir que a violência volte. Dá certo, pois a violência não volta e conseguimos enfraquecer a criminalidade. A base é inteligência e prevenção”, explica Costa Júnior.
Apesar das perspectivas positivas, a Grande Belém só tem quatro bases de polícia comunitária: Terra Firme, Tapanã, Guamá e Coqueiro. Cada uma com 16 policiais e um sargento coordenador. Havia inclusive a ideia de que cada bairro teria uma base, o que não ocorreu. Os policiais que foram formados para atuar no programa já foram trocados. Os novos não passaram pela mesma formação. “A maioria dos novos policiais não é capacitada para o programa e está lá como punição por alguma falha. Não são policiais conhecidos pela população. Não há envolvimento. E sem a qualificação para esse modelo de segurança pública, os policiais vão continuar fazendo a mesma coisa, que é a ‘polícia de gato e rato’. Polícia que prende, mas não resolve a violência. Nossos policiais estão ‘enxugando gelo’”, critica o coronel.

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