Grande parte do povo brasileiro não valoriza o segmento policial, muito pelo contrario, só lembram que a PM existe, quando precisam. A prova viva deste comportamento é o dito popular: “Perto incomoda... longe faz falta”.
Enquanto Instituição Militar, a PM é o primo pobre das outras forças. Senão, vejamos, Marinha, Exército e Aeronáutica, após os governos militares, se trancaram nos seus quartéis, vivem para seus eternos treinamentos e raramente se manifestam. Os Bombeiros, por sua vez, exercem uma atividade muito simpática as vistas da população. Já a PM, ficou exposta, abandonada do lado de fora, quando os portões foram trancados... é responsável em realizar o trabalho sujo, o que geralmente causa descontentamento. Apenas o Policial Militar sabe o que significa fazer segurança pública num País em que muitos têm carnaval e futebol como valores principais, que tem o jeitinho como cartão de visitas. Um povo que teve seus valores morais básicos, corrompidos pela ganância dos poderosos meios de comunicação, em que ser honesto é ser idiota e ser esperto e ser desonesto, etc. Ou seja, um povo desonesto, que exige uma PM honesta e nos culpa por não conseguirmos limpar totalmente o lixo social que é lançado todos os dias nas ruas, por este mesmo povo que nos acusa.
Paralelo a tudo isso, muitos daqueles que foram combatidos nos governos militares, hoje, governam o Brasil, e, portanto, governam a PM. Presidentes, Governadores, Prefeitos, Parlamentares em geral, Magistrados, Juristas, etc, ou seja, aqueles que se auto-intitulam vítimas do regime militar, hoje, nos governam e nos tratam claramente de forma revanchista e desrespeitosa, nunca valorizando adequadamente nosso trabalho, e o que é pior, nos culpando pelo que nossos antepassados, supostamente fizeram de errado.
Acredito que não conseguiremos o respeito da sociedade, se não nos respeitamos primeiramente. Afinal, se você não respeita sua própria casa, não pode esperar respeito do seu vizinho. Nós Policiais Militares, não respeitamos nossa própria Instituição. Tratamos nossa casa com descaso e não cumprimos os regulamentos internos adequadamente. Na busca desesperada em atender os anseios de parte desta sociedade corrompida, comandantes escravizam comandados com jornadas de serviço desumanas, obrigando-nos muitas vezes a exercermos atividades que não nos competem. Vivemos economizando, implorando recursos com o pires na mão, enquanto outros órgãos, que são campeões de desperdício, incompetência e má administração, são respeitados, elogiados e reconhecidos.
Aceitamos a ingerência política e social com medo de perdermos cargos e funções. Somos capazes de dizer o “sim” político em detrimento do “não” técnico, aceitando imposições absurdas e ilegais, mesmo prevendo as conseqüências negativas e por vezes desastrosas. Por fim, perdemos nossa identidade e de acordo com a conveniência ocasional e política, ora somos militares, ora somos policiais, pois as duas juntas, somente na tradição e nomenclatura, visto que são totalmente incompatíveis diante da conjuntura atual.
Na verdade, somos um gigante, com medo de ratos e baratas, por não termos consciência da própria força. Precisamos de representação parlamentar e sindical. Precisamos que nossas associações gritem por nós, que nos guiem que denunciem os abusos de autoridade internos e externos, que forcem nossos governantes a nos tratar com respeito e dignidade, valorizando nosso árduo trabalho de defender com a própria vida, a vida e a liberdade de nosso povo.
Somos conscientes de nossas limitações e dos desvios de conduta de alguns irmãos. Porém, que família grande como a nossa, não tem filhos perdidos e desviados. Vamos encontrá-los e ajudá-los, pois precisam de auxilio.
Contrário ao que muitos pensam, somos um grande bem necessário. Alem de Policiais e Militares, somos também educadores, psicólogos, assistentes sociais, socorristas, parteiros, escritores, em regra, multiplicadores da cidadania, etc., e ainda, pais, filhos, irmãos, maridos e esposas...
Definitivamente, somos heróis, inicialmente na escolha de tão nobre profissão, e posteriormente, por toda a nossa vida, no exercício da carreira abraçada. Precisamos acreditar em nossa importância e mostrá-la ao Brasil.
JOSÉ MAURO CAVALCANTE - MAJOR PMPA
Chefe da Divisão de Ensino do CFAP
Professor de Ética Profissional do CFSD/CFS/CAS
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