O governo de Simão Jatene tomou ontem  (13) uma medida inédita e que botou mais lenha nas polêmicas com a  administração anterior. Pediu à Assembleia Legislativa (AL) a retirada  de todos os projetos de lei de autoria do Executivo que tramitavam na  Casa. São mais de uma dezena de projetos que foram enviados para o  Legislativo durante a gestão de Ana Júlia Carepa e que não chegaram a  ser votados.
A maioria ainda estava à espera de  pareceres nas comissões da Casa e poderia entrar em pauta após a volta  dos deputados do recesso, em fevereiro.
Entre os projetos do Executivo em  tramitação estão pedidos de autorização de empréstimos que podem chegar a  R$ 1 bilhão; a Lei Orgânica do Fisco estadual; concessão de  gratificação por tempo integral para todos os policiais militares e a  indicação do deputado estadual reeleito, Júnior Hage (PR) para o cargo  de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O presidente da AL, deputado Domingos  Juvenil não quis comentar a medida, mas confirmou o pedido. A ordem na  Casa é levantar todos os projetos do Executivo em tramitação. Como o  pedido foi feito ontem, a previsão é de que até meados da semana que vem  o levantamento esteja concluído e os projetos devolvidos ao novo  governo.
Líder do PSDB na AL, o deputado José  Megale defendeu a medida afirmando que ela foi tomada por uma questão de  responsabilidade. Segundo ele, o governo anterior não forneceu, durante  a transição, cópias dos projetos em tramitação. “O governo não sabia o  que estava lá (na AL). Tem que avaliar dentro da situação do Estado”,  diz, citando o caso do projeto que concede benefício aos policias  militares e que terá impacto sobre a folha de pessoal.
“O governo precisa estudar esse impacto  para avaliar se altera, se mantém. Alguns projetos poderão retornar”,  garante. Não há previsão de quando o novo governo terá uma avaliação  conclusiva sobre o reenvio ou não das propostas.
A ex-governadora Ana Júlia Carepa  classificou a medida de “autoritária e absurda”. “O governo é impessoal.  Enviei os projetos como governadora. Deveriam deixar tramitar e, se  fosse o caso, recomendar voto contra. Por que não faz as mudanças na  tramitação? O governo tem maioria e não teria nenhuma dificuldade para  isso”.
Ana Júlia disse lamentar principalmente a  retirada de projetos como a Lei Orgânica do Fisco estadual. “Enviei  seguindo uma determinação que foi aprovada na própria Assembleia. O  governo podia mudar depois o conteúdo. Muitas vezes fomos convencidos e  mudamos projetos do Executivo durante a votação”. (Diário do Pará)
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